RELOAD

Após mais de um ano fora do ar ou simplesmente desatualizado, resolvi fazer um RELOAD do "Concepções e Conjunturas". Buscando alternar a proposta entre artigos, notícias e sempre algumas concepções e na busca pela praticidade do assunto central que motivou a criação do blog: discutir e comprender um pouco de economia. Nesta ótica, darei início hoje a uma série de publicações de vídeos explicando e sistematizando conceitos econômicos. Vídeos estes que podem ser encontrados disponíveis em diversos sites e portais, estarão agora também disponíveis em "Concepções e Conjunturas"! Sempre, é claro, divulgando a fonte para não roubar os direitos autorais de ninguém.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Incoerentes e Incompatíveis

É estranho dizer isso, mas basicamente as propostas políticas que tenho ouvido nesta etapa de corrida eleitoral segue este caminho. Se o problema está no alto índice de drogas entre crianças então devemos implantar creches, ah não o lance é saúde, então vamos criar novos postos de saúde, problemas na educação, ah é óbvio construir novas escolas, violência e assaltos em áreas residenciais, basta construir muros altos, e mais, se as comunidades carentes precisam de desenvolvimento econômico o mais prático a se fazer então é emancipar todas e criar um novo estado brasileiro. Você acha que isso é loucura? Mas não é, basta assistir aos programas políticos e verá algumas destas propostas.

Porque quando chegamos em épocas de eleições no Brasil, os políticos correm logo para propostas que se baseiam em ações e atividades? Não sou contrário a implantação de muitas propostas, mas é preciso ver um pouco além da superfície.

Ignora-se o contexto, a realidade social, econômica e histórica das regiões. Focaliza-se em situações que na verdade são os efeitos e esquece-se de combater causas. Trabalha-se com imediatismo e perde-se a oportunidade de gerar propostas educacionais que mudam e transformam uma sociedade realmente. O foco está na gestão de 4 anos e algumas vezes de oito anos, sendo que quando o assunto é mudança social e desenvolvimento este tempo é simplesmente curtíssimo e longe da realidade do processo de transformação. Com isso, com o passar do período citado, novas propostas e idéias surgem no campo das políticas, abandonando as anteriores e tentando implantar novos projetos para os novos problemas que surgiram no decorrer do tempo. Tal fato simplesmente é insustentável.

Em entrevista recente ao Le Monde Diplomatique Brasil, Luiza Erundina, disse: “...os prefeitos parecem presos a um projeto de gestão, não a um projeto de cidade”, “...trata-se de colocar o poder público a serviço dos interesses públicos”. Concordo com ela, as propostas de gestão política atuais baseadas no imediatismo só produzirão mais marketing político a ser utilizado na próxima disputa eleitoral, corrupção e obras com orçamentos altíssimos totalmente incoerentes e incompatíveis com a realidade.

Em contrapartida, uma coisa é certa, a responsabilidade de romper com este modelo e colocar homens e mulheres responsáveis e conscientes para conduzirem o processo de gestão é totalmente nossa. Afinal, nós somos os eleitores!!!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A fragilidade da Ética

Há semanas atrás comemoramos o avanço da classe média no Brasil, a distribuição e o crescimento do poder de consumo não só entre as capitais brasileiras mas em muitas cidades do interior, a verdade é que este crescimento se comparado com o aumento para o bolso da pequena parcela, é insignificante. Revelando que em um sistema de livre comércio, poucos são os que aproveitam as oportunidades para crescer e desenvolver, tornando qualidade de vida e igualdade um sonho inalcançável para muitos. O caos é tão grande neste quadro de comparações que medidas começam a ser tomadas por países declarados neoliberais, por exemplo um processo de estatização iniciado na Nova Zelândia, leis de regularização nos Países Baixos e outras posturas jamais vistas em membros da União Européia.

Revistas e jornais econômicos como Financial Times, Les Echos e Le Figaro começam a estampar suas preocupações com a postura do mercado favorecendo poucos e prejudicando muitos. Negociando ética e moral em prol de lucros e estabilização, quando na verdade a instabilidade é culpa dos próprios envolvidos. Segundo matéria no Les Echos o aumento dos salários dos 40 principais patrões da União Européia chegou a 2,26 milhões de euros, 4% a mais do que em 2007.

Para o editor da Financial Times, Michael Skapinker, os efeitos da recente crise econômica mostram que não temos resposta programadas para todas as parcelas, segundo ele “O mercado não é mais resposta para tudo”. Porém, só agora que a crise financeira começa a incomodar a pequena parcela que acumula entre si o grande número de reservas econômicas do mundo, é que começam a busca por resposta para a situação, mais uma vez em propostas respaldadas por tal mercado. Quando na verdade, este nunca foi a resposta, para a grande massa da população, que se acostumou a viver na periferia das falsas promessas ...

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Potencializar a Produção e Maximizar a Economia




Grandes são os contrastes entre a realidade do Brasil e do Mundo quando o que está em pauta é a crise alimentar. Por um lado o país surge como esperança global no quesito de potencial produtor para ajudar a suprir a demanda de alimentos internacional, ainda existe uma parcela representativa de terras disponíveis para a utilização agrícola que não estão sendo cultivadas.

Por outro, segundo especialistas, os índices de desperdícios assustam qualquer um, manchando os marcos de produtividade. Inicialmente não nos preocupamos muito com o alimento que deixamos sobrar em nossas refeições, porém em tempos de crise alimentar mundial, onde segundo a FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação – em 2008, o número de subnutridos no globo superará em 50 milhões o número registrado em 2007, não só devemos nos preocupar com tal cenário quanto desenvolver iniciativas práticas para mudar este quadro.

Nosso foco não pode estar apenas em como aprimorar tecnologicamente e expandir as lavouras para uma melhor produção e colheita, mas também em como melhorar todos os setores envolvidos desde a produção, distribuição e consumo alimentar dentro do país, a fim de que o índice de desperdício diminua. Segundo a publicação “A nutrição e o consumo consciente” do Instituto Akatu, desde o plantio até o consumo, o Brasil desperdiça 64% dos alimentos produzidos. A Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – estima que durante um ano, uma família de classe média, joga no lixo aproximadamente 182,5 quilos de alimentos que poderiam ser utilizados no consumo. Em relatório, a FAO revelou que aproximadamente 70 mil toneladas de comida é desperdiçada no país por ano.

Sendo que no gráfico da Akatu, a responsabilidade do desperdício não está centralizada em apenas um bloco específico mas fica visível a parcela de todos os envolvidos. Do total desperdiçado, 20% é deixado de lado na colheita, 8% no transporte e armazenamento, 15% na indústria e processamento, 1% no varejo e 20% no processamento culinário e hábitos alimentares, enfatizando que “Jogar comida no lixo tem um custo social muito alto”.

Não basta elaborar estratégias para produzir mais, se faz necessário conscientização e inciativas que viabilizem uma melhor prática no manuseio dos alimentos desde o plantio até as residências e refeições de cada um dos brasileiros, para assim economizar mais!


segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Retornando a questão: Privatizar os lucros e socializar as perdas

Retornando a questão: Privatizar os lucros e socializar as perdas

Na última quinta-feira, 07/08, estive em uma palestra com Leonardo Boff e Frei Beto, durante o transcorrer dos assuntos, algo me chamou a atenção e gostaria de registrar aqui. Além de todo o discurso sobre Espiritualidade e Ecologia, tema da palestra, um fato interessante foi a breve análise de Leonardo sobre o fracasso da Rodada de Doha no mês passado. Enquanto muitos analistas discutem e debatem sobre as implicações numéricas e financeiras para os países envolvidos, dando a impressão de esquecerem dos indivíduos que vivem e são afetados pelas decisões tomadas, ele simplesmente seguiu um caminho oposto.

Eis aqui as suas palavras e deixo-as como reflexão para nós hoje:

“...a falta de acordo e o fracasso de Doha refletiu a desumanização do indivíduo: os ricos defendendo seu alto consumismo e os pobres lutando por sobrevivência ...”