RELOAD

Após mais de um ano fora do ar ou simplesmente desatualizado, resolvi fazer um RELOAD do "Concepções e Conjunturas". Buscando alternar a proposta entre artigos, notícias e sempre algumas concepções e na busca pela praticidade do assunto central que motivou a criação do blog: discutir e comprender um pouco de economia. Nesta ótica, darei início hoje a uma série de publicações de vídeos explicando e sistematizando conceitos econômicos. Vídeos estes que podem ser encontrados disponíveis em diversos sites e portais, estarão agora também disponíveis em "Concepções e Conjunturas"! Sempre, é claro, divulgando a fonte para não roubar os direitos autorais de ninguém.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

O descompasso argentino

Os interesses econômicos fazem com que as relações bilaterais sejam instáveis. Ora parecem haver acordos de longo prazo, ora já não existe diálogo entre os lados envolvidos. Alguns resumem as relações como um jogo de reconhecimento e resistência, acordos e desacordos, aproximação e distanciamento. E nessa linha diplomática encontramos Brasil e Argentina.

Há um mês, os argentinos estavam diante de uma grave crise política, econômica e social. Uma medida protecionista, tomada pelo governo, para proteger o mercado interno da crise financeira e da inflação global gerou um enorme desentendimento entre os agricultores e a bancada presidencial, afetando toda a rotina interna e externa do país. Logo em seguida o senado derrubou a medida acalmando os ânimos da sociedade. Porém, um fato a ser lembrado, foi a postura de ambos – governo e ruralistas – quanto a necessidade dos argentinos seguirem o exemplo da política brasileira [ ... enquanto o Brasil atua mirando uma função global, a Argentina assume suas posições pensando no âmbito nacional...Afirmou o Jornal La Nacion] Em seus discursos mencionavam o Brasil como um exemplo a ser seguido diante da oportunidade de crescer como exportador agrícola.

É bom ressaltar aqui que em recente relatório a FAO –Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – considerou Brasil, Índia e Argentina como os três países do mundo com maior capacidade de produção para suprir o déficit atual de alimentos. Entretanto, nesta semana, “los hermanos” simplesmente mudaram de postura e em meio as discussões da OMC, acusaram o Brasil de traidor dos interesses dos sócios sul-americanos.

Realmente é difícil entender o posicionamento argentino, pois já ficou claro que atuar na defensiva só irá prejudicar o mercado interno, afinal foi o que ocorreu recentemente. Los hermanos não conseguem entrar no ritmo do tango e colocam a culpa nos outros dançarinos.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Privatizar os ganhos e socializar as perdas

Nas últimas semanas o burburinho dos principais jornais internacionais estão em torno das pautas das reuniões do G8 e da recente reunião da OMC. É notório que a postura de alguns países que conduzem os debates, ocasionam o aumento da pressão sobre a crise planetária que vivemos hoje. Na reunião do G8, um dos principais focos de discussões foi a possível inclusão de alguns países emergentes. Atualmente o bloco é formado por EUA, França, Alemanha, Japão, Itália, Canadá, Grã-Bretanha e Rússia, a proposta, conduzida pelo presidente da França juntamente com Tony Blair, seria o alargamento da bancada, tornando-se G13, com a inclusão de Brasil, China, Índia, México e África do Sul.

Porém, de imediato, conduzidos pelos EUA, a maioria dos países do grupo foi contra a proposta, deixando claro uma postura protecionista. O que vai contra a tendência e a análise de vários especialistas no assunto, que afirmam que o grupo não possui mais representação na geopolítica global e se faz necessário a inclusão dos países emergentes por estes representarem uma parcela considerável da população e da economia mundial.

Já na referida reunião da OMC, o foco de discussão está centrado nas negociações do livre comércio agrícola. A reunião que caminha com fortes entraves, terá seu final na próxima sexta-feira, porém a postura protecionista permanece visível nos países desenvolvidos. Em meio a crise energética, alimentar e financeira do cenário internacional atual, uma coisa é clara: os desenvolvidos, conduzidos principalmente pelos EUA, permanecem na defensiva protecionista com medo de serem ultrapassados pelos emergentes, estes em seguida, por tamanha sede em aproveitar a oportunidade atual de crescimento e expansão, estão se perdendo no caminho e entrando em desentendimentos entre si, e por último encontramos os dependentes que não possuem direito a voto logo não conseguem se pronunciar, alastrando ainda mais a fome e crise social em seus domínios.

A questão que fica para pensarmos é, nas palavras de Nouriel Roubini, economista americano, será que irão “privatizar os ganhos e socializar as perdas”?