Muitas vezes ficamos sem perceber os argumentos falaciosos que nos circulam. Na maioria das vezes, na verdade, vivemos aceitando muitos destes argumentos como simplesmente válido, verdadeiro e normal em nosso cotidiano. Mas seria muito edificante e relevante para cada um nós e também para coletivamente, como sociedade, se buscássemos compreender e analisar um pouco mais estes argumentos.
Para realizar tal análise não precisamos ser especialistas ou mestres em alguma ciência específica. Basta apenas, agrupar informações pertinentes ao contexto de tal argumento, compararmos alguns itens que perceberemos a falácia que muitas vezes tentam nos envolver.
Um exemplo disso: há algum tempo que é estampado nos jornais o avanço do salário mínimo. A cada reajuste é comemorado como se fosse algo gigantesco e especialmente além da necessidade do brasileiro. Ora, uma falácia escancarada no marketing do governo em busca de uma maior aprovação popular.
Porque esta afirmação não é verdadeira e válida?
Para isso, é necessário definir alguns conceitos, existentes no argumento e através da tabela abaixo mostrar como os reajustes dos salários mínimos estão totalmente fora da realidade do trabalhador brasileiro.
Primeiramente:
Segundo o DIEESE – Departamento Sindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos:
“Salário mínimo nominal: salário mínimo vigente. Salário mínimo necessário: Salário mínimo de acordo com o preceito constitucional "salário mínimo fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, reajustado periodicamente, de modo a preservar o poder aquisitivo, vedada sua vinculação para qualquer fim" (Constituição da República Federativa do Brasil, capítulo II, Dos Direitos Sociais, artigo 7º, inciso IV). Foi considerado em cada Mês o maior valor da ração essencial das localidades pesquisadas. A família considerada é de dois adultos e duas crianças, sendo que estas consomem o equivalente a um adulto. Ponderando-se o gasto familiar, chegamos ao salário mínimo necessário.”
Nos últimos anos a realidade é a seguinte:
Salário mínimo nominal e necessário :
março de 2007 a março de 2009
Período Salário mínimo nominal Salário mínimo necessário 2007 Março R$ 350,00 R$ 1.620,89 Abril R$ 380,00 R$ 1.672,56 Maio R$ 380,00 R$ 1.620,64 Junho R$ 380,00 R$ 1.628,96 Julho R$ 380,00 R$ 1.688,35 Agosto R$ 380,00 R$ 1.733,88 Setembro R$ 380,00 R$ 1.737,16 Outubro R$ 380,00 R$ 1.797,56 Novembro R$ 380,00 R$ 1.726,24 Dezembro R$ 380,00 R$ 1.803,11 2008 Janeiro R$ 380,00 R$ 1.924,59 Fevereiro R$ 380,00 R$ 1.900,31 Março R$ 415,00 R$ 1.881,32 Abril R$ 415,00 R$ 1.918,12 Maio R$ 415,00 R$ 1.987,51 Junho R$ 415,00 R$ 2.072,70 Julho R$ 415,00 R$ 2.178,30 Agosto R$ 415,00 R$ 2.025,99 Setembro R$ 415,00 R$ 1.971,55 Outubro R$ 415,00 R$ 2.014,73 Novembro R$ 415,00 R$ 2.007,84 Dezembro R$ 415,00 R$ 2.141,08 2009 Janeiro R$ 415,00 R$ 2.077,15 Fevereiro R$ 465,00 R$ 2.075,55 Março R$ 465,00 R$ 2.005,57
Fonte: DIEESE
Concluindo, como comemorar um reajuste insignificante e tão fora da realidade e necessidade do brasileiro? Não podemos aceitar esta falácia, é preciso regulamentar os reajustes feitos pelo governo.
Um comentário:
falácia.....muito grande da política brasileira.....
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