Educação em STP: Uma Educação para o “Sub desenvolvimento”
Na óptica de vários teóricos, uma educação eficaz num processo de desenvolvimento não é aquela que faculta ao homem apenas a acumulação de conhecimentos, mas também a capacidade de reflexão crítica acerca da sua própria condição de existência, incentiva-o para uma participação criativa no sentido de induzir mudanças significativas e constantes na sociedade em que se encontra inserido.
Esta educação não se resume apenas a um “depósito” de conhecimentos e pela inculcação/incorporação de valores e normas dominantes, mas, acima de tudo, deve propiciar aos indivíduos a capacidade de questionar, refletir e ter uma participação ativa na sua sociedade com vista a introdução de mudanças.
Não obstante, o setor de educação constituir uma das preocupações dos sucessivos governos de STP, mediante criação e implementação de reformas educativas, estas não têm atingido os objetivos propostos, verificando-se assim poucos impactos dessas ações no processo de desenvolvimento do país. Tem constituído uma educação que, em vez de exercer uma influência decisiva e condutora de mudança de atitude e de mudança social, tem favorecido a perpetuação da situação socio-econômica e política do país. Assim, o sistema de educação de STP, tal como está estruturado, propicia uma educação para o “sub-desenvolvimento”, já que os seus impactos em termos sociais parecem ser pouco significativos ou nulos.
E são várias as evidências que apontam neste sentido.
Trata-se de uma educação que não propicia a reflexão, a critica, a liberdade (de expressão e a ação), a criatividade, a ação e a mudança já que se baseia em aulas extremamente expositivas, sem variação da estratégia, centradas no professor e não nos alunos, em que o docente “despeja” a matéria e os alunos tentam com grandes limitações “apanhar” para depois “despejar” novamente nos exames, ficando de seguida o total vazio. Nesse processo não existe a estimulação do diálogo e da criatividade nem de qualquer tipo de reflexão crítica. Não traz para a sala de aulas as experiências e os problemas vividos pelos alunos no seu dia-a-dia.
Trata-se, assim, de uma educação que forma indivíduos passivos e com reduzido espírito empreendedor, incapazes de desenvolver ações que promovam alterações no seu meio social.
Por outro lado, é um sistema de educação extremamente seletivo. Não tem em conta as desigualdades sociais existentes entre os são-tomenses e, não sendo extensível a todos, existem camadas da população que estão excluídas de aceder a certos níveis de ensino, pelo que tende a premiar pessoas que, à partida, já possuem vantagens sócio- econômicas e a excluir ainda mais os desfavorecidos.
De salientar também que se trata de uma educação em que a interação, a solidariedade, bem como todo tipo de sentido de responsabilidade social estão ausentes, formando indivíduos egocêntricos que agem quase exclusivamente com vista a satisfação dos seus próprios interesses pessoais, sem quaisquer benefícios e impactos na sociedade no seu todo.
Deste modo, perante estes fatos, urge a necessidade de se proceder a uma reformulação do sistema de educação de STP de modo que este possa formar indivíduos solidários, ativos, críticos, criativos e capazes de implementar múltiplas ações e processos inovadores e sustentáveis de mudança e de melhoria da sua condição de vida e a da sua comunidade.
Urge em STP uma educação para a reflexão critica, para a ação, para a responsabilidade social e, acima de tudo, uma educação para a mudança, uma educação para o desenvolvimento.
Socióloga/ Estudante de mestrado em Desenvolvimento
Nenhum comentário:
Postar um comentário